
Distrito 9, longa-metragem do estreante Neill Blomkamp, produzido por Peter Jackson. Muitos estavam ansiosos para assistir a essa ficção científica desde que começaram a sua divulgação, mas será que o filme é tudo que esperavam?
De início, é preciso constatar que a premissa do filme é fantástica: Um OVNI vai parar em Johanesburgo, na África do sul, e acontece que a chegada desses seres extra-terrestres se dá em condições bem diferentes do que podia ser imaginado, os ETs (chamados pejorativamente de “camarões”) estão subnutridos e sem combustível. Então eles são abrigados e passam a ser discriminados e vistos com hostilidade, morando em favelas (isso constrói a base política do filme, fazendo referências ao Apartheid e às condições miseráveis da população dos países pobres). Podemos observar placas de “Proibido aliens” e acompanhar as criaturas buscando comida
A primeira metade do filme é um turbilhão. O estilo documentário (que já não é mais novidade) aqui funciona muito bem. É tudo muito ágil e sufocante. O roteiro, mesmo que auto-explicativo demais, não deixa a tensão cair. Acompanhamos uma versão da ONU (chamada MNU) numa operação para alocar os “camarões” em campos de concentração, essa operação é liderada por Wikus, um personagem bastante comum e um pouco atrapalhado. Temos diversas cenas nessa operação, com a câmera frenética dando impressão de documentário, contrastando com as cenas de diálogos entre os camarões em seus barracos, onde a linguagem é puramente cinematográfica.
Os acontecimentos do filme vão se desenrolando a partir do contato de Wikus com um material alienígena, passando a sofrer algumas transformações (tanto físicas quanto psicológicas). A transformação de Wikus é perturbadora, lembrando outro clássico de ficção, A Mosca, e a atuação (muitas vezes improvisada) do Sharlto Copley, é surpreendente. Ele transforma Wikus em um personagem trágico e é possível ao espectador sentir a sua dor, através da intensidade de sua atuação. Sua transformação física traz à tona seu lado obscuro (assim como o diretor David Cronenberg quis transmitir
Mas a partir da segunda metade do filme o tom muda drasticamente e nos vemos assistindo um típico filme de ação, lotado de clichês: muitas cenas de ação, redenção do personagem principal, um militar em preto-e-branco que sente prazer em fazer o mal, sacrifícios, etc. Para um filme que tinha como premissa (e vinha conseguindo) se desvencilhar do lugar comum, cair em tamanhos clichês holywoodianos acaba sendo um erro notável.
Abaixo, o curta metragem Alive in Joburg, de Neill Blomkamp, que originou o longa:
ainda nao tinha visto esse curta q originou o movie. muito bom!
ResponderExcluirGostei muito de sua resenha e tbm gostei muito do filme.Embora realmente tenha vários clichês quando ele meio que se transforma em um filme de ação, isso não afetou no "total", que foi um filme muito bom e o ator principal fazendo uma atuação de gala.
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