quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Resenha: Ayreon-01011001

A resenha abaixo foi enviada pelo parceiro (e futuro co-autor deste blog), Blitzkrieg:



"E aí galera, tenho a honra de comentar sobre o último CD do Ayreon, 01011001.

Ele é mais uma reunião de vários outros músicos, como alguns cds anteriores, e tem uns toques bem prog, e mais uma vez ele é duplo. Não é cansativo escutá-lo; pelo contrário; as músicas são bem trabalhadas e os vocais são bem encaixados. As partes instrumentais também são muito bem exploradas, Arjen Lucassen tem uns riffs legais e umas idéias interessantes, lembrando que ele toca quase tudo, mas vale ressaltar que ele ganha muito mais crédito por chamar músicos de alto nível. Mas vamos parar de enrolar e ir direto ao ponto. Vou destacar alguns pontos do cd.

Age of shadows abre o cd com uns sons meio psicodélicos, como de máquinas, sei lá o que, mas com um riff simples e “dançante”, ele introduz peso à musica. Tom Englund (Evergrey) começando e Daniel Gildenlow (Pain of Salvation) e Steve Lee (Gotthard) cantam o refrão. Com uma voz forte, Hansi Kursh (Blind Guardian), “que tem um coral na garganta”, divide com Floor Jansen (After Forever) um dos trechos musicais, essa parceria se repete em outras músicas ao longo do CD. Mais adiante a música dá uma acalmada e então entra a bela e doce voz de Annek (Aqua de Annique), fazendo o ouvinte “viajar”. Depois a música tem uns vai e volta. Jorn Lande complementa os vocais no final e ela se concretiza perfeitamente, fazendo o ouvinte dizer que o som é fodassaralho.


Comatose vem logo em seguida, uma música mais calma. Ela tem como ponto forte (fortíssimo por sinal) a voz de Jorn Lande. Ele canta com Anneke que introduz a musica com uma linda linha vocálica, a música é bem pequena, mas é muita bem trabalhada.

Liquid Eternity vem logo em seguida e ela chama a atenção pelo seu refrão que tem um coral muito foda.

Conect The Dots, Beneath The Waves, New Born Race e Ride The Comet São as próximas faixas, e não deixam o clima do CD cair.

Web of lies, musica bem elaborada que conta com a participação de Simone Simons (Epica).

Em The Earth Extinction temos a presença do tecladista Derek Sherinian (ex-Dream Theater) fazendo um solo, como nos tempos de Dream Theater, ela é meio grande, mas não é chata.

Waking Dreams, The Truth Is Here, e Unnatural Selection não deixam a peteca cair.

River Of Time tem uma levada meio folk, destaque para Hansi.

Para finalizar E=MC² e The Sixth Extinction, deixando o ouvinte satisfeito.

Bom, tentei passar uma idéia de como é o CD, sem descrevê-lo, espero que escutem e comentem. Valeu."

Abaixo, os links para download no 4shared:
Parte 1
Parte 2


segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Resenha - Distrito 9


Distrito 9
, longa-metragem do estreante Neill Blomkamp, produzido por Peter Jackson. Muitos estavam ansiosos para assistir a essa ficção científica desde que começaram a sua divulgação, mas será que o filme é tudo que esperavam?

De início, é preciso constatar que a premissa do filme é fantástica: Um OVNI vai parar em Johanesburgo, na África do sul, e acontece que a chegada desses seres extra-terrestres se dá em condições bem diferentes do que podia ser imaginado, os ETs (chamados pejorativamente de “camarões”) estão subnutridos e sem combustível. Então eles são abrigados e passam a ser discriminados e vistos com hostilidade, morando em favelas (isso constrói a base política do filme, fazendo referências ao Apartheid e às condições miseráveis da população dos países pobres). Podemos observar placas de “Proibido aliens” e acompanhar as criaturas buscando comida em lixo ou sendo exploradas. Um plot muito interessante, Sci Fi de primeira.


A primeira metade do filme é um turbilhão. O estilo documentário (que já não é mais novidade) aqui funciona muito bem. É tudo muito ágil e sufocante. O roteiro, mesmo que auto-explicativo demais, não deixa a tensão cair. Acompanhamos uma versão da ONU (chamada MNU) numa operação para alocar os “camarões” em campos de concentração, essa operação é liderada por Wikus, um personagem bastante comum e um pouco atrapalhado. Temos diversas cenas nessa operação, com a câmera frenética dando impressão de documentário, contrastando com as cenas de diálogos entre os camarões em seus barracos, onde a linguagem é puramente cinematográfica.

Os acontecimentos do filme vão se desenrolando a partir do contato de Wikus com um material alienígena, passando a sofrer algumas transformações (tanto físicas quanto psicológicas). A transformação de Wikus é perturbadora, lembrando outro clássico de ficção, A Mosca, e a atuação (muitas vezes improvisada) do Sharlto Copley, é surpreendente. Ele transforma Wikus em um personagem trágico e é possível ao espectador sentir a sua dor, através da intensidade de sua atuação. Sua transformação física traz à tona seu lado obscuro (assim como o diretor David Cronenberg quis transmitir em A Mosca de 86).

Mas a partir da segunda metade do filme o tom muda drasticamente e nos vemos assistindo um típico filme de ação, lotado de clichês: muitas cenas de ação, redenção do personagem principal, um militar em preto-e-branco que sente prazer em fazer o mal, sacrifícios, etc. Para um filme que tinha como premissa (e vinha conseguindo) se desvencilhar do lugar comum, cair em tamanhos clichês holywoodianos acaba sendo um erro notável.

A produção é muito boa. Contando com um orçamento até modesto para produções de ficção científica, cerca de 30 milhões de dólares, a equipe consegue criar as criaturas alienígenas em computação gráfica de forma verossímil e com movimentos fluídos. Destaque para a nave-mãe pairando sobre Johanesburgo, uma visão aterrorizante.

Apesar destes deslizes de narrativa, Distrito 9 é um filme muito bom, que traz diversos novos conceitos para a ficção e traz uma trama de várias facetas e elementos simbólicos. Vale muito a pena assisti-lo.

Abaixo, o curta metragem Alive in Joburg, de Neill Blomkamp, que originou o longa:

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Corto Maltese - A Corte secreta dos Arcanos



Corto Maltese - La cour secrète des Arcanes é um longa metragem de animação francesa,dirigido por Pascal Morelli, que adapta o álbum em quadrinhos "Corto Maltese na Sibéria", do lendário Hugo Pratt.
A história mostra Corto Maltese e o sociopata russo, Rasputin, na Sibéria, durante a Revolução Russa, a mando de uma sociedade secreta chinesa chamada "Lanternas Vermelhas", para recuperar o tesoura da família imperial russa, que está sendo transportado por um trem.





Na história, Corto Maltese encontra diversos personagens que realmente existiram naquele contexto, como o piloto Jack Tippit, o general Chang Tso-Lin, Sergei Semenoff e muitos outros.
Todo esse panorama é um reflexo das profundas pesquisas realizadas por Pratt e também pelas experiencias de vivência do mesmo (já que Corto Maltese pode ser considerado alter-ego de seu criador).





A animação é muito boa, embora seja um pouco diferente do traço simplista (mas bastante expressivo) do Pratt. Temos boas cenas de ação (que não é o foco principal do filme), que misturam animação tradicional e computadorizada muito bem.



Ou seja, uma animação bastante completa: bem animada e com um excelente enredo. Com ricas referências à poemas e fatores históricos (fatos até pouco conhecidos ou assimilados pela cultura pop) banhados com um toque esotérico.

Abaixo os links para download pelo 4shared (RMVB legendado):

Parte 1
Parte 2
Parte 3

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Resenha:Porcupine Tree-The incident


Os álbuns da banda britânica de prog rock/psicodélico/metal, Porcupine tree, costumam ser complexos e precisam (e merecem) ser ouvidos várias vezes para tirar conclusões sobre as músicas.

A banda começou com um lado mais psicodélico, como em On the Sunday of life (o álbum mais alucinado da banda) e The Sky moves sideways. Esta última é uma belíssima (e longa) peça psicodélica.

A banda foi redefinindo seu estilo, lançando álbuns ricos e com ares inovadores. A cada álbum, a banda apresentava uma surpresa, passando a flertar também com o Heavy metal, a partir dos álbuns In absentia, Deadwing, e principalmente, Fear of a blank planet.


Então chegamos a The incident, o mais recente álbum da banda. Este funciona como uma ótima síntese do que é (e foi) o Porcupine Tree. Bem diferente do que achava que seria o sucessor de Fear of a blank planet. Claro que as diversas facetas do som do PT são mais profundamente exploradas em álbuns mais antigos, mas aqui tudo funciona muito bem junto.

Dividido em dois discos, sendo que o primeiro conta com uma única música dividida em 14 faixas e o segundo possui mais 4 músicas independentes(pelo menos em conceito). Na verdade o primeiro disco pode ser escutado como várias músicas separadas, pois cada parte da música tem características próprias, mesmo tendo algumas bem interligadas.

O conceito do álbum vem do fato como a mídia trata os “incidentes”, sempre distante, mesmo que sejam catástrofes e crimes hediondos. Mas na verdade incidentes mudam vidas e a partir disso o SW começa a falar de incidentes de forma mais passional e conta diversas histórias reais e algumas de sua própria vida. Cada faixa trás diversos elementos distintos durante o álbum, fazendo-o funcionar mais como um álbum temático. Fala-se sobre a teoria da navalha de Occam (que diz que você deve acreditar naquilo que é mais lógico, não se apegar às presunções), sobre culto religioso, veneração (The Blind house) e também sobre trens (como de costume) e fantasmas (nostalgia).

The Occam’s razor abre o álbum de uma maneira diferente, mas é só um aperitivo para The Blind house, que trás a banda bem no estilo Blackest eyes (riffs pesados, passagens acústicas,...) e uma linguagem musical a qual estamos habituados. A partir daí já estava empolgado com a audição, então seguem duas pequenas faixas bastante interligadas, Great expectations e Kneel and disconnect, ambas com bases melancólicas (que o Steven Wilson vem usando bastante) e no fim da última uma passagem muito boa de piano, já introduzindo a próxima faixa. Drawing the line começa no mesmo clima das anteriores até chegar o refrão que é bem “açucarado”, com acordes maiores e uma guitarra criando uma sensação de loucura (no bom sentido) sensacional, algo que há muito tempo o SW não faz.

O álbum passa por the incident, que traz passagens eletrônicas e psicodélicas. Destaque para o tecladista Richard Barbieri, bastante concentrado nas harmonias (aliás, durante todo o álbum). Your unpleasant family e The yellow windows of the evening train é uma ótima passagem e funciona como um intervalo.

Chegamos a Time flies, uma canção que já tem cara de clássico. Começando acústica e conquistando o ouvinte aos poucos, seguido por um trecho bastante floydiano (lembra “Dogs” do álbum “Animals” do Pink Floyd) com um solo como nunca mais o SW fez. É inclusive uma canção bem pessoal para o SW, já que fala da sensação da passagem do tempo e do próprio crescimento do Wilson (e os incidentes que o acompanharam), daí a referencia ao Floyd, que o SW cresceu ouvindo. A música é ótima, todos os músicos estão em ótima forma, Gavin Harrison e suas ilusões rítmicas, um fill de baixo legal do Colin Edwin.

Octane twisted, The seance e Circle of manias também são músicas bem interligadas e são possivelmente as melhores faixas do disco, indo do melancólico (ótimas linhas vocais) ao Heavy metal. Destaque para a mixagem, mostrando como o Steven Wilson é bom nisso (escutem Circle of manias e percebam, o timbre da guitarra do SW está fenomenal).

I drive the hearse fecha o primeiro disco de forma magistral. É uma música linda. Ponto

As 4 faixas restantes presentes no segundo disco também se revelam bem fortes, talvez por isso tenham incluído no álbum e não lançaram num EP (como “Nil recurring”). As músicas são Flicker, Bonnie, the cat (com uma base Baixo/Bateria maluca), Black Dahlia e Remember me lover(excelente).

The incident é um álbum excelente, que define muito bem o PT. Não traz inovações musicais e se concentra em músicas e conceitos mais intimistas. Um dos melhores lançamentos do ano.