quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Resenha-Avatar


Avatar, como se fosse necessária uma explicação, é o mais novo filme de James Cameron desde Titanic. Com um hiato de cerca de 10 anos desde seu último filme e tendo levado cerca de quatro anos para realizar o mais recente, tudo o que envolve a produção é grandioso e assim também era a expectativa.

Com um orçamento de aproximadamente 400 milhões de dólares, o mais caro orçamento da história do cinema, a produção tinha a proposta de levar o cinema técnico a um novo nível, utilizando o 3-D estereoscópico e tecnologia e câmeras criadas do zero, algo realmente grandioso e prometido como algo nunca visto antes, uma experiência única.

Devo dizer aqui que James “Rei do mundo” Cameron conseguiu. O salto que Avatar proporciona ao cinema é imenso. Apesar de todo o tempo que levou para ser realizado, Avatar surge inovador demais. Cameron quer surpreender os espectadores desde a primeira cena.

A trama é básica, é uma história clássica já conhecida pelo grande público. Jake Sully é um ex-fuzileiro naval paraplégico que é convocado para participar de uma missão no planeta Pandora, para se infiltrar e aprender sobre os nativos, chamados de Na’vi. Todos os elementos clássicos estão lá, Jake se apaixona tanto pela beleza de Pandora como por uma nativa chamada Neytiri, há um vilão militar incansável e sem coração que fará de tudo para conquistar seus objetivos (nesse caso Unobtanium, mas pode chamar de ouro) e Jake precisa escolher de que lado ficar.

Mas o belo em Avatar é a forma como essa história é contada, mesmo a trama sendo básica, ela é muito bem desenvolvida. A trama flui de uma maneira assombrosa, o tempo dos personagens na tela é muito bem distribuído, os diálogos são sempre bem colocados e eficazes, o ritmo é bem conduzido (são 3 horas que passam voando) e a direção dos atores á bastante acertada. Sam Worthington convence tanto como paraplégico quanto como um Na’vi cheio de si, Zoe Saldana nos apresenta doçura e agressividade através da nativa Neytiri e Stephen Lang dá o tom certo ao vilão.

Como eu comentei anteriormente, a forma que essa história é contada é que a torna especial, e essa forma é principalmente visual. Aqui o CG trabalha a favor do enredo e das emoções e percepções sensoriais que o texto pede, e que antes era impossível ser alcançado esse grau de intimidade entre o espectador e o universo que está sendo apresentado. Aqui Pandora deixa de ser apenas um planeta e passa a ser o personagem principal da trama, todo o ecossistema é detalhado e desafia qualquer percepção de que é criado em computador. Os Na’vi (desenvolvidos pela Weta, de Peter Jackson) também são inacreditáveis, a riqueza de detalhes é tamanha que se torna impossível perceber onde começa e termina o CG mesmo em cenas em que há atores reais contracenando com os Na’vi.

Um bom exemplo de como o CG é uma forma para um conteúdo, é a cena em que Jake controla seu avatar pela primeira vez, a cena emociona pelo redescobrimento de como é usar as pernas. Tecnologia e música apenas condicionam (brilhantemente) a sequência . Seja para mostrar paisagens ou para descrever a emoção de voar em um Banshee, O CG aqui é substancial para nos transmitir essas sensações. Isso é cinema. Qualquer cena em que os Na’vi estão em foco é puro deleite visual.

Aqui a ficção-científica toca a fantasia, que por sua vez toca o épico. As cenas de batalha são de encher os olhos e é possível acompanhar tudo o que acontece nos diversos núcleos da batalha, tamanha a caracterização visual dos personagens. Cada Na’vi que cai é notado e cada personagem é facilmente identificável. Não são apenas explosões e cenas confusas e ruidosas, até mesmo essas cenas são bem conduzidas e não cansam, só aumentam a tensão ainda mais.

Assista Avatar no cinema duas ou três vezes, pois só em um bom cinema é possível perceber toda a obra como foi concebida por Cameron, e é exatamente esse o propósito deste filme, levar as pessoas de volta ao cinema. Agora só nos resta esperar o próximo passo.